(Aqui, faço uma reflexão me amparando no belo poema, começando a falar sobre o meu blog para pensar em algo maior, de repercussão)
Vai aí, no poema, o meu sentimento em relação a este blog.
O ARTISTA INCONFESSÁVEL
Fazer o que seja é inútil.
Não fazer nada é inútil.
Mas entre fazer e não fazer
mais vale o inútil do fazer.
Mas não, fazer para esquecer
que é inútil: nunca o esquecer.
Mas fazer o inútil sabendo
que ele é inútil, e bem sabendo
que é inútil e que seu sentido
não será sequer pressentido,
fazer: porque ele é mais difícil
do que não fazer, e dificil-
mente se poderá dizer
com mais desdém, ou então dizer
mais direto ao leitor Ninguém
que o feito o foi para ninguém.
(João Cabral de Melo Neto - Museu de Tudo)
Eu gostaria de colocar photos, enfeitar o blog, deixá-lo mais agradável, mas não consigo, eu perco muito tempo com isto. Tempo que para mim, no momento, é precioso.
Eu acredito nos meus textos! Não digo que são brilhantes, que faço análises ótimas, mas eu até que escrevo bem, apesar de algumas idéias se encontrarem dentro de outras e estas dentro de mais outras, e eu vou puxando-as, meus textos são interessantes, tem tempero. Enfim, é duro dizer de mim e eu me elogiar, mas é com este leitor ninguém que eu dialogo.
De todo, faço o blog sabendo que é inútil, para nunca esquecer, e tomo muito cuidado porque eu me imagino me expondo para 1.000.000.00... de pessoas. Penso na minha profissão, na minha pessoa e consigo ser assim, mais eu (expressão vazia - mas decerto seja isto - eu me esvazio diante da certeza, da escrita e me preencho diante de novas formulações, caminhos da releitura de meus textos).
Sei que os tempos são pós-modernos e há uma cegueira geral, uma confusão, uma diluição de referências, e as pessoas se agarram a pedaços de barco que se rompeu, ilhados. Já enviei quatro, cinco textos entre contos, roteiros, poesias e ninguém me respondeu a não ser dois dos amigos meus dos cinquenta que enviei. As pessoas com quem convivo, nem sequer um comentário. Não leram. E eu não me admiro muito com isto pois, eu tenho dificuldade também de ler "textos grandes" na internet ( mas, textos dos amigos eu faço questão de ler, apesar de não receber). O que está acontecendo ? As pessoas não lêem nem os textos dos amigos...
Só mais um comentário: para mim João Cabral é o melhor poeta brasileiro e dos melhores do mundo. Não se ocupem com a palavra melhor e sim com a João.
Me perdoem os que acham que o maior é Drummond. Não entendo quando li numa revista que o Brasil (decerto, intelectuais, escritores) elegeu Drummond como o maior. Creio que em técnica João Cabral não fica atrás (mesmo porque ele é muito técnico). Mas, os poemas do Drummond são tão sem graça! o João Cabral tem fogo, ferro da peixeira, aponta mazelas, mostra a veia calejada por onde o sangue corre, não como o leito de um rio harmônico, mas como o solo de um rio intermitente, encrustrado de sol na terra.
E digo mais: João Cabral não perde para Fernando Pessoa (considerado o maior do mundo). Aqui, não coloco em competição. João Cabral traz muito a bela metáfora, embriagante, dilacerante do olhar Realidade, sendo assim, alucinante, porque a Realidade é a loucura e a Fantasia é a fuga, ilusão e normalidade dos sentidos. E mediante a isto, creio que João não é visto pelos cidadãos - cultos - brasileiros porque a colônia continua a enxergar Portugal, Inglaterra, Estados Unidos. Temos um Pessoa aqui no Brasil chamado João Cabral de Melo Neto, um Severino para o leitor ninguém!
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4 comentários:
Oi Henrique.
Que bom que te encontrei no orkut... que bom comecar a ler suas palavras... nao estais sozinho.... eu leio hehe
Pra mim foi uma descoberta saber que escreves poesias e que estais te abrindo assim ao mundo... Estou adorando..
Abraco
Carla Serafim
Oi Carla, legal que vc encontrou este blog: aqui vai um pouco da minha estética, do meu pensar livre, de artista.
esta reclamação em geral, creio que é da pouca arte ou literatura que se faz hoje, entre os amigos.
Carla, Abração, e fique a vontade para blogar na desemmimmesmadamente
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